RENZO ALTIERI
O ronco das SUVs ecoa como trovões engolindo o começo da madrugada. A primeira para rente à entrada do galpão. Desço sem pressa. O cascalho range sob meus sapatos, e o vento gélido balança as abas do meu sobretudo preto. Marino salta logo atrás de mim, ajustando a pistola na cintura. O cheiro pútrido que escapa pelas frestas do galpão me atinge como um tapa — sangue coagulado, fezes humanas e carne apodrecida.
Lugar perfeito para escória.
Eu não queria estar ali. Não hoje. Não tão longe de Bianca e do nosso filho. Mas certas coisas precisam ser encerradas com minha assinatura. E Caco Menezes cruzou uma linha que ninguém jamais ousou cruzar: MINHA FAMIGLIA!
A porta do galpão range quando dois dos meus soldados a abrem. O cheiro piora. Marino cobre o nariz, enojado. Eu apenas inspiro fundo. Que sintam o fedor da podridão em que mergulharam.
O interior é escuro, iluminado apenas por lâmpadas penduradas de forma irregular no teto de zinco. Os cabos balançam, criando sombras