Doce Perfume da Desconfiança
Francine conhecia o caminho para o coração de Caleb:
Preocupação com Lucas.
Usava isso como uma artesã usa o cinzel, tirando lascas da confiança que ele depositava nos outros. Mas, agora, era hora de minar a nova figura:
Helena. A babá que sorria demais. Que sabia demais.
Helena havia trazido leveza. Lucas cantava, desenhava o tempo todo e o pior para Francine, começara a desenhar três pessoas nas figuras da família. Ele, o pai… e uma mulher loira de cabelos presos, que segurava a outra mão dele.
Francine viu o desenho esquecido na mesa. Primeiro riu. Depois rasgou, com calma, em quatro pedaços simétricos. Jogou no lixo com o resto da laranja do menino.
A ideia surgiu numa manhã qualquer, como uma névoa venenosa. Helena estava sozinha com Lucas na sala de brinquedos. Francine observava do corredor, de forma sutil. Sorriu para a funcionária, entrou com seu jeito afável.
— Quer um café, Helena? Fiz para mim, coloquei um pouco de canela, como você gosta.