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Capítulo 4 – Verdades nas Sombras

Mike nunca foi o tipo mais formal. Nem o mais discreto. Mas quando se tratava de proteger quem ele considerava família… ele se tornava um estrategista astuto e surpreendentemente eficiente.

Foi assim que, numa manhã qualquer, ele entrou no saguão do antigo hotel onde tudo aconteceu cinco anos antes, com um sorriso malicioso e um charme que fazia as recepcionistas se endireitarem na hora.

— Bom dia, querida. Preciso muito da sua ajuda. É que houve um probleminha técnico com as câmeras de segurança daqui... coisa antiga, mas que precisamos revisar com cuidado. Coisa de governo, sabe como é — disse ele, piscando com aquele jeito sacana de sempre.

A mulher, um pouco desconfiada no início, cedeu após poucos minutos. Mike tinha aquele talento de parecer inofensivo até colocar as mãos no que queria.

— Aqui estão os arquivos da semana do ocorrido. Nunca ninguém pediu eles antes — ela comentou, entregando um pen drive de acesso direto ao sistema antigo.

Mike estreitou os olhos.

— Nunca?

— Nunca. A única gravação que nos solicitaram foi levada por uma tal de… Kimberly, se não me engano.

Seu estômago virou.

— Obrigado. — disse, e dessa vez, sem ironia alguma.

Ele saiu dali com os arquivos originais no bolso e um nó apertado no peito. Tinha algo muito errado desde o início. E agora ele estava mais perto de provar.

Enquanto isso, o centro de operações estava silencioso. Era madrugada, e os monitores embaçados pelas luzes fracas davam à sala um ar fantasmagórico.

Sophia estava ali.

Não por obrigação. Mas porque o sono simplesmente não vinha.

Havia revisto a gravação manipulada pela milésima vez, procurando respostas onde só havia dúvidas. Entre um café frio e outro, o corpo dela cedeu. Dormiu sobre a mesa, o rosto encostado nos braços cruzados, os cabelos bagunçados caindo pela face.

Foi assim que Adam a encontrou.

E, por um momento, esqueceu tudo.

A mulher que um dia foi seu mundo… agora parecia uma criança exausta, encolhida sobre o frio metálico da mesa. As olheiras fundas, o cansaço estampado, o corpo tenso até mesmo dormindo.

Ele se aproximou em silêncio.

Ajoelhou-se ao lado dela.

E com uma delicadeza que ninguém jamais acreditaria que o "Wolf" possuía… passou o braço por trás dos ombros dela e a levantou com cuidado.

Ela se mexeu, mas não acordou.

— Shhh… — ele murmurou, como se pudesse protegê-la até nos sonhos.

A levou até sua sala, onde o sofá de couro escuro era o lugar mais confortável do prédio. Cobriu-a com a manta que usava nas longas noites de táticas e relatórios. Depois, afastou-se devagar, sentando-se na poltrona próxima, pegando os documentos da nova missão.

Mas ele não conseguiu ler.

Porque Sophia começou a murmurar.

Primeiro, foi o franzir da testa. Depois, os braços puxando a manta com força. Um tremor súbito percorreu seu corpo. Estava suando, mesmo com o ar gelado da sala. Então, vieram as palavras.

— N-não... não me toca... por favor...

Adam largou os papéis.

O sangue sumiu de seu rosto.

Ela se contorcia.

Sussurrava entre soluços.

Estava presa no pesadelo.

— Sophia... — ele sussurrou, se aproximando, sem encostar, mas ajoelhado ao lado do sofá.

— Eu... eu não... por favor, para... — ela chorava, mesmo dormindo.

As mãos dele se fecharam em punhos. Ele queria gritar. Quebrar algo. Quebrar tudo. Porque naquele momento, ele soube com toda certeza:

Ela não mentiu.

Aquilo que ela dizia — que não lembrava, que se culpava, que tremia ao ser tocada — não era fingimento. Era trauma. Era dor cravada na alma.

E ele a abandonou.

Ficou ali por longos minutos, observando-a. Quis pegá-la no colo e protegê-la do mundo inteiro. Quis voltar no tempo. Quis... ouvir.

Mas tudo que podia fazer agora era esperar que o dia trouxesse alguma paz.

E que o passado finalmente começasse a revelar a verdade.

No dia seguinte, Sophia acordou lentamente. Estava coberta, o sofá era macio, e havia uma xícara de chá morno sobre a mesinha ao lado com um bilhete rabiscado:

“Você merece dormir bem. Não precisa se desculpar por estar cansada. — A.”

Ela segurou o bilhete com as mãos trêmulas.

E pela primeira vez em muito tempo… chorou não de dor, mas de alívio.

Na mesma manhã, Mike chegou à base com os arquivos originais e um sorriso de quem estava prestes a explodir o mundo.

— Adam… precisamos conversar. Agora.

Adam olhou para o amigo. Havia algo diferente na expressão dele. Uma mistura de triunfo e raiva.

— Encontrei as gravações. As reais. E, mano… Você vai querer ver isso.

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