Alexia abandonou sonhos, carreira e até a própria família por amor. Por anos, acreditou viver um conto de fadas… até descobrir que o “príncipe” que jurava amá-la tinha outra mulher. Ferida e humilhada, ela foge para sua cidade natal com a filha nos braços, reencontrando a família que um dia deixou para trás, e também Joaquim, o amor que nunca esqueceu. Mas agora ele é marido de sua melhor amiga. Quando Alexia tenta reconstruir a vida, o inesperado acontece, seu marido, incapaz de aceitá-la longe, sequestra a filha para obrigá-la a voltar. Entre o amor materno e a própria liberdade, ela é forçada a viver sob o mesmo teto que o traidor… e sua amante. Só que Alexia não está disposta a ser vítima para sempre. E, desta vez, quem vai decidir o final dessa história é ela.
Ler mais– O que... O que é isso?
Alexia olhava chocada para a mensagem de um número desconhecido em seu celular, que dizia que seu marido a estava traindo. Seguida de fotos que mostravam claramente seu marido interagindo de maneira íntima com uma mulher, cujo rosto não se podia ver com clareza, e em uma das fotos, eles estavam abraçados como um casal apaixonado. O olhar de Alexia estava congelado na tela do celular. Seu ritmo cardíaco estava acima do normal, suas mãos trémulas suavam e seu rosto estava tão pálido quanto papel. Ela não queria acreditar no que seus olhos estavam vendo, seu marido... Vicente a amava muito, ele jamais seria capaz de trai-la; ela queria poder não acreditar naquilo, mas como dizem "uma imagem vale mais que mil palavras." Apesar das provas, Alexia ainda relutava em acreditar, porém, o último resquício de dúvida que ela tinha se evaporou quando caiu uma nova mensagem, um vídeo curto, que ela abriu imediatamente, sem hesitar. O vídeo mostrava seu marido conversando de maneira extremamente íntima com a mesma mulher. Ele acariciava os cabelos dela enquanto sussurrava palavras que não se podiam ouvir, com aquele sorriso apaixonado que ele dava apenas para ela quando queria fazer amor, e a mulher sorria de volta timidamente. O vídeo terminou quando seu marido beijou a boca da mulher, que até então, só se via um lado do rosto. Alexia perdeu totalmente as forças que ainda lhe restavam nas pernas e caiu sentada na cama, seu coração estava acelerado e o oxigénio que respirava parecia ferir cruelmente tanto seus pulmões quanto seu coração. – N-Não pode ser! – Exclamou Alexia com a voz embargada. Seus olhos se encheram de lágrimas, que caíram imediatamente de forma involuntária. O cérebro de Alexia ainda estava processando toda aquela informação, quando mais uma mensagem caiu. "Se quiser saber mais vá agora mesmo até ao hotel Le'Lunar, quarto 312" era o que dizia a mensagem. Alexia ainda estava em choque, sem conseguir pensar direito, ela colocou a mão no peito vendo suas lágrimas molharem o ecrã do seu celular. Quando ela finalmente conseguiu reagir, escreveu para o anónimo perguntando sem rodeios: "Quem é você? O que você quer de mim" Alexia se recusava a acreditar, aquilo era impossível, o vídeo talvez tivesse sido editado com IA, e essa pessoa, quem quer que fosse, estava simplesmente tentando arruinar seu casamento. Alexia esperava receber uma pista, mas a única resposta que recebeu foi: "Hotel Le'Lunar, quarto 312. Se você se atrasar viverá com a dúvida da fidelidade do seu marido para sempre." Alexia ficou paralisada por um bom tempo, apesar da foto e daquele vídeo, ainda não conseguia acreditar. Todos esses anos de casamento... Não podem ter sido uma mentira! Ela nunca tinha notado nada de estranho em Vicente, nenhum cheiro de perfume que não fosse dele, ou dela, ou até mesmo um comportamento fora do comum. Nem sequer uma única marca de batom em sua camisola. Se Vicente realmente a estava traindo, ele deveria ser muito cuidadoso e minucioso, pois sempre que saia voltava como se realmente estivesse vindo de uma reunião tarde da noite. E como de costume, ele saiu de casa dizendo para a esposa que estava indo se encontrar com um cliente muito importante, mas agora Alexia estava ciente de que poderia ser tudo mentira. Era apenas um truque para ele ir se encontrar com a amante, e sabe-se lá a quanto tempo ele a estava traindo com aquela mulher. Alexia interrompeu seus pensamentos e finalmente reagiu. Se seu Vicente realmente tinha uma amante, era hoje que ela descobriria. Alexia nem sequer trocou roupa, ela simplesmente colocou uma jaqueta por cima da roupa de cama que estava usando, para se proteger do frio, e saiu voando de casa, por pouco ela não caiu escada à baixo enquanto descia. – Sra. Alexia, aonde vai tão tarde da noite? – Perguntou Josué, um dos guardas da casa. Bem que Alexia queria contar tudo para ele, mas pensando bem, era melhor não, Josué era extremamente leal a Vicente e se ela contasse para ele que recebeu mensagens de um número desconhecido dizendo e comprovando que seu marido a estava traindo, ele certamente contaria tudo para Vicente. – Estou indo resolver um assunto urgente, não irei demorar, continue com o seu trabalho. Alexia voltou a andar, mas Josué a seguiu por trás até a garagem da casa. – Sra. Alexia, a senhora vai dirigir a essa hora? Não seria melhor chamar um motorista? Ou eu mesmo posso levá-la! Alexia abriu a porta do carro, e disse: – Não há necessidade, a essa hora eles já devem estar dormindo. Além disso, eu já disse que não vou demorar, não preciso que ninguém me leve. Alexia entrou no carro e fechou a porta com pressa, colocou as chaves no lugar com bastante dificuldade, pois suas mãos ainda estavam trémulas. Quando conseguiu finalmente ligar o motor ela dirigiu para fora do estacionamento. A estrada estava quase deserta, por ser já meia noite, poucos carros passavam, mas Alexia não estava prestando atenção em nada disso. Seus pensamentos estavam às mil, apesar das evidências ela não conseguia acreditar que seu marido a estava traindo. Porquê ele a traiu? Será que ela não foi mulher o suficiente? Será que ela não o amou o suficiente? Ela lhe deu até mesmo uma filha? Então porquê? Porquê ele a traiu? Enquanto dirigia, as lágrimas não paravam de cair, ela não sabia o que faria se encontrasse Vicente naquele quarto de hotel, na cama com outra mulher. Alexia parou o carro na frente do hotel e desceu do carro sem hesitar, ao ler as letras luminosas encima, ela paralisou. Sua cabeça estava girando, ela limpou as lágrimas, e mesmo sabendo que não estava pronta para enfrentar a verdade que estava por vir, ela se recompôs e seguiu em frente. Com o coração pesado, Alexia empurrou a porta de vidro e caminhou em direção a recepção do hotel, mas seu telefone tocou, fazendo-a parar no meio do caminho. Ao ver quem era, o coração de Alexia disparou, era seu marido ligando, na menor cara de pau. Alexia hesitou, mas lembrando que ele poderia ainda estar naquele quarto de hotel com a sua amante, ela atendeu. – Alô, amor... Antes que Vicente tivesse oportunidade de perguntar, Alexia perguntou primeiro: – Onde você está? – Eu estou em casa, acabei de chegar. O Josué me disse que você saiu bastante apressada, para onde você foi?A notícia correu mais rápido que o vento. Em questão de minutos, o escândalo da mansão Monteiro se espalhou pelas redes sociais, replicado por páginas de fofoca e sites de celebridades. As fotos, os vídeos e o exato instante em que Alexia pedira o divórcio circulavam com legendas sensacionalistas:“Traição e drama na alta sociedade!”“Alexia Monteiro expõe marido infiel, Vicente Monteiro, em recepção luxuosa!”Na manhã seguinte, o jornal impresso trouxe o escândalo em letras garrafais na capa.Na casa dos Chávez, Helena terminava de preparar o café quando a campainha soou. Ao abrir, encontrou Dona Zuleide, a vizinha fofoqueira que nunca perdia uma novidade. Trazia o jornal dobrado debaixo do braço e um brilho excitado nos olhos.— Helena, minha amiga, você viu isso? — disse, erguendo o jornal antes mesmo de entrar. — Olha só, é a sua filha!Helena franziu o cenho, confusa. — Como assim, minha filha?Zuleide abriu o jornal sobre a mesa. A manchete saltou como uma ferida aberta: “Escând
O salão principal da mansão Monteiro brilhava em dourado. As luzes refletiam nos espelhos e lustres de cristal, o champanhe borbulhava nas taças, e o som suave do quarteto de cordas criava uma atmosfera de falsa serenidade. Tudo estava impecável, como Vicente exigira.Alexia, ao lado dele, era a imagem perfeita da esposa submissa e elegante, vestido prateado, sorriso discreto, olhar dócil. Por dentro, o coração batia em ritmo de guerra. Em sua bolsa, o celular antigo vibrava discretamente. As mensagens estavam prontas. Faltavam apenas minutos.Ana chegou mais tarde, causando murmúrios. O vestido vermelho abraçava-lhe o corpo como uma provocação silenciosa. Havia aceitado o convite acreditando que sua presença serviria para continuar ocultando a relação entre ela e Vicente. Agora, cruzava o salão com passos firmes, consciente dos olhares, mas sem imaginar o que viria.Joaquim e Martina estavam próximos à escadaria. Ele, tenso e quieto; ela, bela e fria como um espelho. Martina trajava
A manhã na mansão Monteiro nasceu com o som de passos apressados e vozes misturadas. Floristas subiam e desciam as escadas, garçons traziam caixas de champanhe, e o aroma adocicado de rosas invadia os corredores. Vicente andava de um lado para outro no salão principal, dando ordens a cada um com a precisão de um diretor de cena.— Quero luzes em cada mesa, cortinas novas, e as orquídeas só nas laterais. — dizia, a voz firme, o olhar inspecionando cada canto. — Hoje não pode haver falhas. Nenhumas.Mariana, a mãe dele, o observava de longe, sentada na poltrona principal como uma rainha em seu trono. O cabelo perfeitamente arrumado, as joias discretas, o perfume caro. Quando Vicente passou por ela, Mariana o deteve com um leve movimento de mão.— Está tudo bonito, meu filho, mas espero que esta recepção não seja mais uma de suas loucuras para consertar o que não tem conserto.Vicente sorriu, inclinando-se para beijar-lhe a mão. — Não se preocupe, mãe. Hoje todos verão o que precisam ver
O sol entrou pela manhã como que pedindo licença àquela casa imensa. Pelas janelas altas da mansão Monteiro, a cidade parecia distante, uma pintura elegante além dos vidros. Mas, para Alexia, nada do que havia ali significava liberdade. O mármore, os candelabros, os corredores amplos eram a moldura de uma prisão onde aprendia a respirar por conveniência.Vestiu-se com calma, escolhendo um vestido discreto, de tecido macio, para não chamar atenção. Prendeu o cabelo numa trança frouxa. Olhou o próprio rosto no espelho e buscou ali uma mulher que ainda soubesse lutar. O olhar, porém, denunciava noites mal dormidas e um cansaço que era mais do que físico.A voz de Célia interrompeu seus pensamentos. A babá surgiu no batente, Norabel nos braços, as duas radiantes como se nada na casa pesasse sobre elas.— Mãe, vem brincar! — exclamou a menina, chutando os sapatinhos, já sonhando com o jardim.Alexia sorriu com força. — Vou já, minha pequena.Célia deixou-a com a filha, e por um instante a
Naquela manhã, Duarte estava encostado ao carro preto estacionado a poucos metros da escola. O relógio marcava dez e quarenta e cinco. O som alegre das crianças ecoava do pátio, misturado a risadas, gritos e passos correndo no cimento. Entre elas, Norabel brincava despreocupada, o laço rosa no cabelo balançando com os movimentos.Duarte manteve os olhos fixos na menina até tirar o telefone do bolso e discar.— Senhor Vicente. — disse com a calma de quem não sente peso algum. — É agora. Recreio.Do outro lado da linha, Vicente sorriu.Pouco depois, o carro de luxo deslizou até a entrada da escola. Ele saiu trajando um terno claro, os óculos escuros ocultando o brilho febril dos olhos. Algumas mães que aguardavam os filhos o cumprimentaram discretamente, impressionadas pela sua presença imponente. Vicente ignorou os olhares e entrou, anunciando-se como pai de Norabel.Quando a menina o viu, soltou um grito de alegria. — Papai!Correu até ele e se atirou em seus braços. Vicente a levanto
O sol daquela manhã brilhou tímido sobre Vila Nova, mas para Alexia parecia mais radiante do que nos últimos meses. Diante do espelho do quarto de infância, ela ajeitou o vestido azul-marinho de corte sóbrio, o cabelo preso num coque elegante, e passou um batom discreto. Fazia tempo que não se via assim, firme, composta, com ares de quem voltava a ocupar o seu lugar no mundo.Helena surgiu à porta, os braços cruzados. — Vai sair?— Vou. — Alexia respondeu, sem desviar o olhar do espelho. — Hoje volto à Norabel Jóias. Já passou da hora.A mãe entrou, a expressão carregada. — Não gosto dessa ideia, Alexia. Você sabe como a cidade fala. Mal cicatrizou as feridas e já vai se expor outra vez?Fernando, que ouvia da sala, ergueu a voz: — Tua mãe tem razão. O povo da cidade é cruel. Vão te apontar, te julgar, as pessoas ainda não se esqueceram do escândalo na praça.Clara apareceu logo atrás, reforçando: — Por que se meter nisso agora? Você tem a Norabel Jóias, sim, mas também tem uma filha
Último capítulo