Clara acordou com o coração acelerado.Não era ansiedade, nem medo, era algo diferente, quase uma energia nova, como se o jantar da noite anterior tivesse deixado algo suspenso no ar. Tomou banho devagar, tentando se convencer de que aquilo tudo era só uma encenação. Um jogo. Um plano. Mas enquanto passava o batom, percebeu que estava sorrindo sozinha. No espelho, o reflexo mostrava uma mulher diferente. Ainda era ela, mas havia algo nos olhos, uma firmeza, uma luz que há muito não via. Pegou a bolsa, o casaco e saiu.
O ar da manhã estava fresco, durante o trajeto, pensou em como Henrique havia sido gentil, divertido, atencioso. Ele tinha um jeito raro de deixar tudo leve, mesmo quando o assunto era pesado. Mas o que ela mais lembrava era o olhar dele na despedida. Um olhar que parecia prometer algo que nenhum dos dois ousou dizer.
Quando entrou no estacionamento da Vascon, avistou Henrique encostado no próprio carro, mexendo no celular. Ele ergueu o rosto assim que a viu, e o sorriso