O restaurante que Henrique escolheu ficava escondido numa rua tranquila, daqueles lugares que parecem guardar segredos entre as mesas. Luz baixa, música suave, o cheiro de vinho e temperos finos no ar. Clara gostou de cara. Não era luxuoso, mas era acolhedor, e, de algum modo, ela se sentia segura ali.Henrique chegou logo depois dela, sem terno, só camisa e mangas dobradas.— Achei que você fosse desistir — disse, sorrindo, enquanto puxava a cadeira para ela.— Pensei em desistir — respondeu, rindo —, mas aí lembrei que você prometeu não falar de trabalho.— E eu cumpro promessas. — Ele fez um gesto para o garçom e pediu vinho.A conversa começou leve, cheia de lembranças. Falaram de viagens, de como a vida muda sem pedir permissão, e de como o tempo apaga algumas dores, mas realça outras. Clara estava à vontade, e era raro isso acontecer. Com Henrique, ela podia ser ela mesma. Sem medir palavras, sem se preocupar com o que parecia. Depois de um tempo, o silêncio chegou, mas não o in
Ler mais