O voo de volta parecia mais silencioso do que o de ida.Clara olhava pela janela, observando as nuvens cortadas pela asa do avião. O sol se escondia entre tons de dourado e cinza, e tudo parecia suspenso, como ela.
Henrique dormia ao lado, com o casaco dobrado sobre o colo e o semblante tranquilo. Ela tentou fingir que nada havia mudado, que o beijo da noite anterior fora apenas parte do “plano”, uma distração do momento. Mas cada vez que fechava os olhos, lembrava do toque dele, firme e ao mesmo tempo gentil, e do jeito como o mundo pareceu parar por alguns segundos.
O coração, teimoso, não entendia de estratégias.
Quando desembarcaram em São Paulo, o clima era outro. O ar mais frio, as pessoas apressadas, a rotina voltando com pressa. Henrique a esperou enquanto ela pegava a mala. O gesto simples, a paciência dele, o olhar atento, a confundia.
— Posso te deixar em casa — ofereceu.
— Não precisa, Henrique. Você já fez demais.
Ele sorriu, aquele sorriso tranquilo que parecia esconder t