O domingo amanheceu calmo, com o sol atravessando as cortinas do hotel e o som distante da cidade despertando aos poucos. Clara abriu os olhos devagar, sentindo a estranha sensação de leveza que vinha com os dias em que nada doía. Por alguns segundos, esqueceu que estava longe de casa. Esqueceu de Arthur, do passado, da confusão. Lembrou apenas do riso da noite anterior e do olhar de Henrique quando disse que às vezes esquecia que tudo era só um plano.
Tomou banho, prendeu o cabelo e vestiu uma roupa leve — calça clara, blusa simples, tênis. Quando desceu pro saguão, ele já estava lá, com o celular na mão e aquele sorriso fácil de quem parecia carregar o dia no bolso.
— Dormiu bem? — perguntou, entregando a ela um copo de café.
— Até demais — respondeu. — Quase esqueci que tínhamos uma reunião.
— É domingo, lembra? — ele riu. — O trabalho é amanhã. Hoje é só a “namorada de fachada” e o namorado dedicado.
Ela revirou os olhos, mas não conteve o sorriso.
— Você realmente leva esse papel