Assim que Gabriel falou algo para a entrevistadora, ela assentiu rápido, toda prestativa:
— Então vou cuidar das minhas coisas. Qualquer coisa, Sr. Gabriel e Sr. George, é só chamar.
Quando ela se afastou, George ficou me encarando com aquele olhar impossível de decifrar, e eu já sabia que vinha bomba.
— Então esse é o tal "ótimo trabalho" que você disse ter conseguido?
Ele fez questão de pronunciar cada sílaba do "ótimo trabalho" carregado de ironia.
Fiquei olhando para baixo, meu rosto estava quente de tanta vergonha e raiva. Forçando a voz para não desabar ali mesmo, disse:
— É, para mim, seria sim um bom emprego.
— Ah, sei... — George arrastou aquele "sei" num tom de deboche escancarado, deixando claro que não acreditava em nada. — Pena que nem isso você conseguiu.
Apertei o currículo com tanta força que achei que ia rasgar. Não aguentei mais e explodi, sentindo tudo vir à tona de uma vez:
— É, não consegui, pronto, está feliz? Nem para uma vaga básica dessas eu sirvo, nem para o q