No fundo, eu já imaginava que não ia ouvir nada agradável daquela conversa.
Dei um sorriso meio de lado, cansado.
— Pode falar, Ana.
Depois de dias só levando paulada da vida, já tinha perdido qualquer sensibilidade para notícia ruim.
Ana falou baixinho, quase hesitando:
— O Sr. George pediu para te avisar que ... Se você estiver entediada, pode procurar um hobby, um passatempo legal para se ocupar, mas ele acha melhor você não ficar por aí tentando arrumar emprego. Ele ainda comentou que, bom, trabalhar não combina muito com você.
Na hora, tive que rir. Mas foi aquele riso de raiva misturado com dor.
"Trabalhar não combina comigo? Só se for na cabeça dele! Quem ele pensa que é para decidir o que posso ou não sou capaz?", pensei, irritada.
Eu já estava me sentindo um lixo com tantas portas fechadas, mas ouvir aquele tipo de comentário de George acabou servindo para outra coisa. Ele reacendeu minha vontade de provar o contrário, mostrar que consigo me virar e que não sou incapaz.
Quand