Clara respirou fundo e, com aquele sorriso que sempre me dava forças, continuou me animando como só ela sabia fazer:
— Val, vou ser sincera com você. Aqui no Rio, quase todo mundo conhece a sua família. Mesmo depois de tudo o que rolou, ninguém acredita de verdade que uma ex-ricaça vá aguentar um trabalho desses bem puxados do dia a dia. Na real, eles não te contratam porque acham que, na primeira dificuldade, você vai largar tudo no meio e deixar eles na mão.
Ela olhava nos meus olhos de um jeito tão caloroso e verdadeiro que chegou a me emocionar.
— Mas não esqueça nunca, Val, você é fora de comum. — Disse Clara, firme, como se pudesse selar aquela força em mim.
Quando ela terminou de falar, não me deixou nem pensar direito, pois já me puxava pela mão para pista de dança.
Só que o clima bom durou poucos minutos. Logo na primeira rodada, acabamos esbarrando numa mulher.
Eu ia pedir desculpa quando ela virou os olhos e disparou, cheia de arrogância:
— Quem são vocês aí? Não conseguem