Selene
Quando voltei à fortaleza, o corredor já não era o mesmo. O ar tinha um cheiro estranho, como se alguém tivesse esfregado ferro nas pedras. Soldados corriam para todos os lados, e o som das botas batendo no chão parecia um coração em desespero.
— Onde estão? — perguntei à primeira guarda que encontrei.
Ela engoliu seco.
— A ala norte… Luna… houve uma confusão. As portas foram forçadas e…
— E o quê? — Minha voz saiu grossa demais — Fale.
— Faltam crianças. — sussurrou — E dois adultos. Elia… e Dornan.
O mundo inclinou. Eu me apoiei na parede, mas não caí. Não podia. Atravessamos o corredor quase em corrida e entramos na ala norte. A porta principal tinha marcas de pé-de-cabra, as dobradiças retorcidas.
Lá dentro, colchões revirados, cobertores no chão, uma boneca de pano sem braço. Reconheci o tecido, Kiera tinha costurado a saia com um pedaço de minha capa rasgada.
— Kiera. — o nome saiu como um sopro que arde.
Damian chegou logo depois, o rosto tenso, o corpo todo em alerta.