Selene
Quando o sol começou a descer, o mensageiro voltou, guiando três cavaleiros. No centro, uma mulher sem capuz, cabelo negro comprido, rosto marcado por cicatriz fina que cruzava a sobrancelha esquerda.
Não era uma ferida aberta, era memória. Desceu do cavalo com calma e sem ajuda. Não trazia espada. Só uma adaga curta, que entregou no portão sem drama.
— Sou Calíope Lazzuri. — disse, parando um passo dentro do pátio.
Eu caminhei até ela. Damian e Damon ficaram dois passos atrás, altos, prontos, mas não ameaçadores.
— Selene do Névoa do Luar. — me apresentei — Seja bem-vinda.
Ela me mediu como quem mede o próprio reflexo, sem hostilidade, sem bajulação.
— É bom ver você viva. — falou, e a frase vinha de um lugar fundo.
— E é bom ver você chegando. — respondi.
Conduzimos para o salão menor. Portas abertas, janelas para o jardim, mesa com pão, fruta e água. Ela passou os olhos por tudo, tomou um gole, sentou quando eu sentei.
— Pode falar. — eu pedi, direta.
Ela respirou uma vez.