Selene
O portão rangeu como sempre, mas, naquele momento, nada pareceu ameaçador. Os arqueiros estavam nos parapeitos, atentos, Dagan e Myra ladeavam a entrada, Iara no pátio, braços cruzados, postura de quem contaria cada palavra dita ali dentro.
O mensageiro aguardava entre sombras e vento, uma mulher de capa azul-acinzentada, capuz abaixado, o cabelo preso num coque firme. Carregava o estandarte branco com faixa cinza, diferente do que vimos antes, mas atado ao punho, como se dissesse que não precisava erguê-lo para ser ouvida.
— A serviço de quem? — Damian perguntou, voz clara, não hostil.
— A serviço de quem quer Kaleb morto. — respondeu, sem hesitar — E em nome de Calíope Lazzuri, Luna Alfa da alcateia Lazzuri. Viúva. Chefe do Conselho das Montanhas Baixas.
A palavra “viúva” atravessou o pátio como um ar frio. A mulher ergueu um pequeno tubo de prata, selado, com o símbolo de meia-lua dentro de uma guirlanda. Eu reconheci o brasão antes que ela falasse.
— Lazzuri… — sussurrei —