Damon
Virei devagar para Selene. Ela estava imóvel, as mãos apertadas na empunhadura, os olhos duros. O passado soprou um cheiro antigo e ruim. Eu cheguei até ela, não como consolo, mas como quem declara território.
Segurei sua nuca, firme. Beijei ela. Sem pedir e sem doçura. Raiva e desejo são parentes próximos na guerra. Minha boca tomou a dela com fúria clara, para apagar a palavra “matriz” de qualquer canto do mundo. Ela não recuou. Abriu a boca e me devolveu o beijo na mesma moeda, os dedos fechando no tecido do meu manto, puxando. Ouvi Halvar virar o rosto por respeito. Ouvi Myra resmungar:
— “Depois vocês dois que briguem com o dia.”
Não me importei. O gosto de Selene tem um traço doce quando a noite é assim, e eu precisava desse gosto para calar o rugido em mim. Afastei um palmo, ainda colado, a testa na dela.
— Ele não toca em você. — prometi, baixo — Nem de longe. Se Kaleb te quiser, vai ter que arrancar a lua do céu com as próprias mãos. E eu arranco as mãos dele antes.
—