Selene
Depois da sala do trono, fiquei um tempo parada no corredor, com o coração batendo no lugar errado. O eco da voz de Damian ainda ressoava, pesado, e o gosto do beijo ficou como uma marca de fogo nos lábios.
Eu não sabia se queria chorar, socar a parede ou voltar e discutir mais. Em vez disso, respirei. Uma, duas, três vezes. O castelo seguia vivo ao meu redor… passos, sussurros, cheiro de comida fresca, ferro, fumaça de tocha. A vida não para para a gente decidir o que sente.
— Entre fogo e sombra. — pensei, seguindo devagar — Eu, no meio.
Damian queria confiança sem arestas. Eu entendo. O dia gosta de linhas claras, porta aberta ou fechada, sim ou não, aviso ou desobediência. Ele fala “proteção” como quem diz “juramento”.
E é bonito no papel. Mas a estrada que eu caminho não é reta. Ela entra no mato, roda pela beira, passa onde a luz não chega. Eu sou filha de uma alcateia que foi caçada. Aprendi a me mover sem pedir bênção.
No pátio interno, um grupo de soldados me viu pas