Selene

As noites com Damon deixaram um ferrão doce na pele, mas o corpo sabe separar febre de propósito. Cada vez que a lua passava pela janela do quarto alto, eu lembrava do que sobrou da minha alcateia, os nomes, os gritos, e fazia um inventário mudo de quem ainda podia suspirar em segredo. Era hora de acordar os que restaram. Não com rugido, mas com sussurros.

A rotina da fortaleza ajuda. O luxo esconde frestas. Servos andam como sombras, os que têm medo falam demais, e os que têm lealdade aprendem a calar. Encontrei minha ponte numa delas, Nara, criada de olhos escuros e passo leve, fiel à minha mãe quando ela ainda governava a alcateia, ela sumiu após se iludir com um forasteiro. Nara me reconheceu no primeiro dia, mas esperou o tempo certo para me testar.

Encontrei-a na rouparia, entre tecidos que cheiravam a lavanda e ar úmido.

— Preciso que um pedido meu suma. — sussurrei, baixando a cabeça como quem inspeciona uma bainha — E apareça, inteiro, onde as árvores escutam.

Nara erg