Selene
A torre corta a noite como uma unha afiada no céu. Subo os degraus com o som do meu próprio passo marcando o ritmo, não tanto por necessidade, mas por orgulho. A cidade dorme lá embaixo, aqui em cima, o vento traz conversa de quem não tem medo de falar. Eu gosto do frio que sopra entre as pedras. Dá clareza.
Encontro Damon na beira do parapeito. Ele está recostado, olhar preso ao horizonte, e a lua desenha a silhueta dele de um jeito que me encrespa por dentro. Quando me aproximei, ele arqueou a sobrancelha e deixou escapar aquele sorriso torto que sempre parece ameaça.
— Damian te trata como porcelana. — ele disse, a voz grave, carregada de deboche — Mas eu sei que você não é frágil.
Cruzei os braços, sem dar o gosto de me ver estremecer.
— E você acha que pode provar o contrário? Mostra então, Rei da Noite. — provoquei — Me mostra que não sou copo fino que quebra com suspiro.
Ele deu um passo à frente, os olhos queimando nos meus. E então, de repente, ajoelhou-se diante de mi