Selene
Passei o dia inteiro tentando recuperar o fôlego que a vida me roubou. A fortaleza do Dia tinha cheiros de pedra limpa, ferro polido e pão recém-assado, um contraste dolorido com o odor de sangue que ainda me perseguia nas lembranças.
Os corredores eram amplos, iluminados por clarabóias que derramavam claridade como água, e, sempre que o sol mudava de lugar, as sombras também dançavam, como se obedecessem a um maestro invisível. Damian.
Eu o senti antes de vê-lo. Meu corpo aprendeu seu passo, firme, sem pressa, dono do terreno, e meu coração teve a audácia de acelerar. Ash, minha loba, ergueu a cabeça dentro de mim.
— “Ele vem como dia.” — avisou.
Bateram na porta uma única vez, e depois ela se abriu. Damian entrou, a luz o acompanhou. Vestia couro negro com detalhes em dourado nas costuras e trazia a espada à mão, embora a lâmina repousasse sem urgência. Os olhos, âmbar queimado, repousaram em mim como quem mede vento.
— Como estão as feridas? — perguntou, sem rodeios.
— As d