Selene
O amanhecer não nasceu. Foi arrancado do céu por fumaça e gritos. O vale inteiro ardia como se a terra tivesse aberto a boca do inferno. Tochas quebradas, flechas de prata, poeira. Eu corria entre estalos de aço, sentindo o vínculo com Damian e Damon pulsar nos meus ombros como brasas vivas.
— À esquerda! — ouvi a voz de Damian.
— Fique comigo, lobinha! — Damon rugiu do outro lado.
Eu não respondi. Cortei um inimigo que vinha pelo flanco, meu movimento curto, preciso. Outro atacou, desviei, cravei a espada na junção da armadura. O sangue esguichou quente na mão. Continuei. O ar do vale tinha gosto de sangue.
Kaleb nos cercou com duas linhas de homens e lobos renegados, e por trás deles vinham caçadores humanos. O plano era nos afogar pelo número e pela prata. Funcionou por minutos demais. Quando percebi, o chão já estava coalhado de corpos.
— Estão forçando o centro! — Damian gritou — Selene, comigo!
Corri até ele, mas um clarão à direita fez meu corpo girar. Era uma bandeira n