O despertador tocou às 6h02, mas Noah não se moveu de imediato.
Estava acordado há alguns minutos, encarando o teto com os olhos secos e a mente já rodando listas: exames a revisar, dois casos novos para avaliação, um residente que ele precisava orientar.
E mais tarde, jantar com Clara.
Ou talvez almoço?
Ele apertou as têmporas, como se aquilo pudesse alinhar os pensamentos.
Levantou.
Caminhou até a cozinha sem acender as luzes, confiando no trajeto que conhecia de olhos fechados.
Preparou o café.
Esqueceu de acionar a cafeteira.
O silêncio do aparelho o fez parar.
Ficou ali, parado, olhando para o botão não apertado como se fosse um enigma.
Clara apareceu no corredor com um moletom largo e as pontas do cabelo ainda úmidas.
— Tudo bem?
— Tudo, só… distraído.
Ela sorriu e apertou o botão da cafeteira por ele, sem cerimônia.
— Tá perdoado se fizer a torrada.
— Fechado — disse Noah, mesmo sem se lembrar se havia pão.
No hospital, o mundo girava como sempre.
Luvas estalando. Alarmes discr