Capítulo 45

O despertador tocou às 7h03.

Clara não pulou da cama, mas também não se encolheu como antes.

Virou-se devagar e deu de cara com Noah no batente da porta, segurando duas canecas de café.

— Roubei seu açúcar mascavo. Espero que não seja motivo de separação.

— Só se amanhã você fizer as torradas.

— Negociável — respondeu ele, entregando a caneca com a alça lascada. A preferida dela. Sempre foi.

— Como você sabia que eu gostava dessa?

— Porque você sempre pegava essa.

Mesmo quando não lembrava.

Clara deu um gole, sentindo o gosto forte e morno do início dos dias bons.

— Posso te confessar uma coisa?

— Sempre.

— Não quero que você me trate como se eu estivesse quebrada.

Eu não tô.

Só tô… diferente.

Noah sorriu com os olhos.

— Eu sei.

E, pra ser sincero, gosto dessa versão.

— Mesmo sem memória total?

— Sobretudo por isso.

Você tá mais corajosa agora.

E menos ansiosa em ser a mesma.

Clara sorriu, com uma ponta de provocação:

— Acha que posso pintar algo digno hoje?

— Acha que eu posso operar
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