Clara acordou com os olhos abertos, como se não tivesse dormido.
A manhã da exposição chegou com cheiro de pão quente — Noah tinha saído cedo para comprar no café da esquina, e agora entrava no quarto equilibrando uma bandeja com duas xícaras, fatias tostadas e frutas cortadas do jeito que ela gostava.
— Eu queria te trazer café na cama, mas você sempre acorda antes de mim nos dias importantes — ele disse, colocando tudo ao lado dela.
Clara sorriu e sentou-se.
— Eu não consegui dormir direito. Minha cabeça não parava de pintar a galeria.
— Então vamos brindar com café ao dia em que você transforma o mundo com pinceladas.
Ela levantou a xícara.
— E ao homem que acredita nisso com a mesma fé que eu.
A galeria começou a ganhar vida por volta das cinco da tarde.
O convite era para às sete, mas Gus dizia que “gente de alma inquieta chega antes”, e Clara sabia que ele estava certo. Vestia um macacão vinho de linho, o cabelo preso em um coque meio bagunçado — e os olhos brilhando mais do que