Na volta da galeria, a cidade parecia mais silenciosa do que o normal.
Clara tirou os sapatos no elevador e encostou a cabeça no ombro de Noah. Ele ainda segurava a última flor da noite — uma margarida amassada que Gus tinha lhe dado com a frase: “As últimas flores sempre guardam mais histórias.”
Quando entraram no apartamento, Clara foi direto para o ateliê.
As paredes estavam vazias.
Mas o ar ainda vibrava.
— Eu nem acredito — disse ela, girando devagar pelo centro da sala, como se dançasse com o fantasma da noite. — Eu realmente expus minha alma inteira... e ninguém fugiu.
— Eles ficaram porque te reconheceram — disse Noah, sentando no sofá com uma taça de vinho. — Até quem nunca te viu antes.
Ela caminhou até ele, sentou em seu colo de lado e pegou a taça.
— Você viu o mural no final?
— Vi.
— Deixou algum bilhete?
Ele sorriu.
— Talvez.
— Eu vou achar.
— Eu espero.
Ficaram ali, naquele quase silêncio, bebendo devagar.
Clara encostou o rosto na curva do pescoço de Noah. O cheiro del