O sábado amanheceu com cheiro de bolo de laranja no forno.
Clara desceu as escadas sentindo que algo no dia tinha um sabor de promessa — daqueles que não precisam ser ditos, só sentidos.
Na cozinha, André cantarolava uma música da infância. Sol cortava frutas com os cabelos ainda presos de qualquer jeito.
— Tem feira no centro — disse ela, sem levantar os olhos. — Quer vir?
Clara hesitou por um segundo, mas depois assentiu com um sorriso calmo.
— Quero.
Era a primeira vez que aceitava um convite assim. Sem pensar demais. Sem medo do mundo.
Foram a pé, as duas. Sol de tênis e óculos escuros. Clara com um vestido leve e uma bolsinha de tecido pendurada no ombro.
O dia estava claro, mas não quente. As árvores dançavam discretamente com o vento, e Beacon parecia mais viva do que nunca.
A feirinha ocupava duas ruas, com barracas de flores, livros usados, objetos antigos, sabonetes artesanais e cartazes pintados à mão.
Clara caminhava devagar, os olhos tocando tudo com curiosidade calma.
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