Noah saiu cedo.
Vestiu a camisa branca com pressa tranquila, calçou os tênis escuros que Clara dizia “não combinar com o jaleco”, e pegou o café que ela tinha preparado com bilhete preso na tampa:
“Se o mundo tremer, lembre que suas mãos sabem onde apoiar a vida.
Boa sorte, meu doutor.”
Ele sorriu, dobrou o bilhete e guardou no bolso da calça — bem perto do coração.
Clara ficou observando ele sair pela janela. Noah não fazia ideia, mas era bonito até andando apressado. Principalmente quando virava para acenar antes de dobrar a esquina. E ele sempre virava. Sempre.
Ela respirou fundo e voltou para o ateliê.
Hoje, terminaria a tela central.
A tela esperava por ela no cavalete maior, no centro da sala.
Era grande.
Quase imponente.
Clara andou em volta dela, pegando pincéis, abrindo tintas, organizando panos. O rádio tocava algo instrumental, baixo, envolvente. Luz natural entrava pela janela lateral.
Ela olhou para a tela e falou como quem inicia um ritual:
— Tá na hora, né?
Pegou um dos