Capítulo 15

A luz da manhã entrou esgueirando pelas frestas da cortina, tingindo o chão de dourado. Clara ainda estava deitada, o rosto meio escondido no travesseiro, quando Noah apareceu com duas canecas e um sorriso preguiçoso.

— Café da manhã na cama. Com direito a bilhete — disse ele, entregando a xícara.

Ela riu, sentando-se com os cabelos desgrenhados e o olhar ainda sonolento.

— Você tá se superando, doutor Bennett.

— Eu vivo sob ordens da artista. E das suas vontades antes do café.

Ela pegou o bilhete que estava colado na lateral da caneca. Era pequeno, de papel kraft, e dizia:

“Sua arte não cabe nas paredes da galeria.

Mas seu amor coube em mim, inteiro.”

— N.

Ela fechou os olhos por um segundo, absorvendo a frase como se fosse uma oração. E depois sorriu, do jeito mais puro que Noah já tinha visto.

— Acho que você é meu poema favorito — disse ela, encostando a testa na dele.

Mais tarde, o e-mail chegou.

Assunto: Layout preliminar da exposição “Fragmentos de uma Ausência”

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