A luz da manhã entrou esgueirando pelas frestas da cortina, tingindo o chão de dourado. Clara ainda estava deitada, o rosto meio escondido no travesseiro, quando Noah apareceu com duas canecas e um sorriso preguiçoso.
— Café da manhã na cama. Com direito a bilhete — disse ele, entregando a xícara.
Ela riu, sentando-se com os cabelos desgrenhados e o olhar ainda sonolento.
— Você tá se superando, doutor Bennett.
— Eu vivo sob ordens da artista. E das suas vontades antes do café.
Ela pegou o bilhete que estava colado na lateral da caneca. Era pequeno, de papel kraft, e dizia:
“Sua arte não cabe nas paredes da galeria.
Mas seu amor coube em mim, inteiro.”
— N.
Ela fechou os olhos por um segundo, absorvendo a frase como se fosse uma oração. E depois sorriu, do jeito mais puro que Noah já tinha visto.
— Acho que você é meu poema favorito — disse ela, encostando a testa na dele.
Mais tarde, o e-mail chegou.
Assunto: Layout preliminar da exposição “Fragmentos de uma Ausência”
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