Ainda ajoelhado diante da tela, Noah passou a ponta dos dedos pela borda de madeira, como se aquele quadro tivesse algo vivo escondido dentro dele.
E talvez tivesse.
— Você colocou mesmo aquele bilhete do livro da Frida… — murmurou ele, tocando o canto inferior.
— Era o primeiro. E talvez o mais sem jeito. Mas foi onde tudo começou, né?
Ele sorriu com o canto da boca.
— Eu nem sabia se você ia entender.
Ou se ia rir de mim.
— Eu entendi.
E ri também. Mas de nervoso.
Porque ali eu soube que já estava perdida por você.
Ele olhou pra ela, como se aquele “perdida por você” ainda fosse novo.
E ainda fosse tudo.
— Eu tô faminto — confessou, mudando o tom. — E não só pelo quadro.
Clara se levantou com ele.
— Tem sopa de lentilha e pão de alho. E vinho barato.
— O melhor menu da cidade.
Ela o puxou pela mão e eles foram até a pequena cozinha, onde Clara já tinha deixado tudo meio preparado. O apartamento estava silencioso, mas vivo — como se cada canto guardasse pedaços deles dois.
Durante o