Helena se recompôs no banheiro enquanto Santiago vestia uma camisa limpa em sua sala. O reflexo no espelho revelava suas bochechas ainda coradas e o coração um pouco descompassado.
Deveria estar abalada pelo susto, mas, curiosamente, sentia-se mais desperta do que nunca — como se algo dentro dela tivesse sido reanimado, como se o susto lhe tivesse dado mais do que tirado.
Ao sair, o encontrou ajeitando os cabelos com as mãos, diante da janela aberta por onde entrava o ar morno do meio-dia.
— Está pronta? — perguntou ele, ao vê-la se aproximar.
— Sim. — respondeu com um sorriso contido, e, sem pensar, ergueu a mão para ajeitar uma mecha teimosa sobre a testa dele.
O gesto saiu natural demais. Só percebeu a intimidade daquilo quando sentiu o olhar dele preso ao seu.
O tempo pareceu suspenso por um breve instante — um fio invisível ligando os dois.
— Vamos? — murmurou, tentando disfarçar o embaraço e retomar o controle da própria respiração.
Ele assentiu com um sorriso breve, e descer