Noites em Claro
A casa que antes parecia silenciosa demais agora era um novo universo. Cada canto parecia ter ganhado vida. Cheirava a talco, leite morno e aquele perfume inconfundível de recém-nascido. Valentina havia chegado, e com ela, uma revolução.
Isabela e Lorenzo estavam exaustos.
As primeiras noites foram um verdadeiro teste de paciência, equilíbrio e sanidade. A bebê acordava de três em três horas — às vezes menos — chorando com fome, ou apenas por querer colo, calor, segurança.
Isabela estava com olheiras fundas, o cabelo sempre preso de qualquer jeito e a camisa manchada de leite. Lorenzo, por sua vez, andava pela casa feito um zumbi, falando pouco e sempre com a filha no colo, como se carregar Valentina fosse sua missão no mundo.
Mas, mesmo no caos, havia poesia.
— Amor, pega uma fralda! — dizia Isabela, no meio da madrugada.
— Já tô indo! Mas... essa aqui é de quantos quilos? — Lorenzo perguntava, analisando o pacote como se fosse uma bomba-relógio.
— Traz logo! Ela tá m