O cheiro de ervas frescas preenchia a cozinha. Rosa mexia a água quente com a colher de pau, enquanto me explicava, com a paciência de quem já ensinou mil vezes a mesma receita, como preparar um chá calmante perfeito.
— Camomila é a base, mas o segredo é a combinação com melissa — dizia ela, sorrindo de leve, o lenço colorido que sempre usava preso ao cabelo balançando quando se inclinava para conferir o ponto. — Essa mistura não só acalma o corpo, mas também o coração.
Eu observava seus gestos, pequenos e firmes, e me sentia estranhamente em paz. O vapor subia da chaleira e embaçava a janela, onde a cidade se estendia, distante, indiferente. O barulho suave da colher batendo no copo me lembrava sons da infância que eu acreditava ter esquecido.
Era estranho… pela primeira vez em anos, eu sentia o gosto de lar. Não era a casa em si — luxuosa, imensa, com cada detalhe medido ao extremo — mas o ambiente que Rosa criava, o cuidado nos mínimos gestos. A forma como ela insistia que eu comes