O cheiro de café queimado impregnava o ar da pequena cafeteria na esquina da delegacia. Não era exatamente um lugar agradável, mas era discreto o suficiente para o tipo de encontro que eu precisava ter. Sentei-me de costas para a rua, visão clara da porta de entrada, os dedos tamborilando contra a porcelana da xícara ainda cheia.
O informante não atrasou. João sempre foi pontual, nervoso demais para arriscar qualquer deslize. Um sujeito magro, cabelo ralo e olhos que giravam inquietos como se o mundo inteiro o estivesse perseguindo. Talvez estivesse.
— Roger — murmurou ele, escorregando para o banco em frente ao meu. A pele brilhava de suor, embora o ar-condicionado da cafeteria estivesse forte. — Você disse que era urgente.
— É. — Cruzei os braços sobre a mesa, deixando meu distintivo visível apenas o suficiente para lembrá-lo com quem estava lidando. — Preciso que me diga se alguém da corporação comentou sobre uma mulher chamada Manoela.
Ele franziu o cenho, tentando fingir que o no