O relógio de parede marcava nove horas da manhã quando Daniel entrou no meu escritório. Fechei a pasta que tinha à minha frente e gesticulei para que ele se sentasse. Não era uma reunião qualquer. Não era sobre contratos ou fusões. Era sobre Manu — e sobre o homem que se dizia marido dela.
— Trouxe o que pediu — disse ele, tirando alguns papéis da pasta de couro. — Mas adianto que não vai gostar.
Estiquei a mão e puxei os documentos. Fotocópias de registros, relatórios internos, até uma ficha de lotação. O nome estava ali em letras nítidas: Roger Martins. Investigador da Polícia Metropolitana de Londres.
Senti a mandíbula travar. Passei os olhos pelas páginas duas vezes, como se precisasse de certeza.
— Investigador… — repeti, baixo, mais para mim do que para ele.
Daniel assentiu, cruzando as pernas.
— E não é qualquer um. Tem reputação de bom policial, ficha limpa. Nenhum processo administrativo. Para todos os efeitos, um profissional exemplar.
— Exemplar… — deixei escapar uma risada