Capítulo 26: Manoela Ferraz

O cheiro do hospital já me sufoca. Dois dias deitada nesta cama, olhando para as mesmas paredes brancas, ouvindo os mesmos sons, passos apressados, bip do monitor, o rangido do carrinho das enfermeiras.

Dois dias que parecem duas semanas.

Nunca imaginei que repousar pudesse ser tão exaustivo.

Meu corpo não dói tanto quanto minha cabeça, não dói tanto quanto essa sensação de estar presa, incapaz de fazer qualquer coisa. Sempre fui movida pelo trabalho, pelo esforço, pelo hábito de resolver tudo com minhas próprias mãos.

Agora, a cada vez que tento me erguer além do que os médicos permitem, alguém aparece para me lembrar que não posso, que preciso descansar, que meu corpo precisa de calma.

Calma. A palavra mais cruel que já ouvi.

Respiro fundo, tentando não deixar a impaciência me dominar. A colher pousa devagar no prato de comida do almoço, morno demais, sem gosto demais. Ainda assim, engulo, porque sei que não é só por mim. Cada garfada é pelo bebê que carrego, pelo pequeno ser que, a
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