Cassian*
Um dos lupinos dele se aproximou, arrancando minha mãe de seus braços como se fosse um objeto sem valor. O movimento foi brutal, mas Beron não se abalou. Apenas se inclinou para baixo, agachando-se ao meu lado. Eu ainda estava de joelhos, o corpo trêmulo, a alma em frangalhos.
Seus olhos fixaram os meus. E por um instante — apenas um instante — parecia que ele me dava permissão para sentir. Permissão para chorar, para quebrar.
— Sabe… eu gostava do Liam. — a voz dele entrou em mim como veneno.
Minha mente era um redemoinho de morte e caos. A cada palavra, eu queria me lançar contra ele, rasgá-lo em pedaços.
— Ele era um bom macho, como sua mãe bem disse. — Beron sorriu, como quem saboreia uma lembrança. — Era um bom amigo. Foi duro… quando matei seu avô. Mas quando encontrei Liam naquele campo de batalha, e fiz o mesmo com ele… ah, aquilo foi libertador.
Engoli em seco. Meu corpo inteiro tremia, mas ainda assim ergui os olhos para encarar aquele monstro.
Ele sorriu de canto.