Elara*
Meus olhos se abriram de repente. A primeira coisa que senti foi o peso de algo frio em meus pulsos. Correntes.
Olhei ao redor. Era um quarto fechado, sem janelas. Sombrio. O cheiro de madeira antiga e sangue impregnava o ar. E ali, encostado na porta, um lupino imóvel me vigiava. Seu olhar vazio me lembrava que eu era prisioneira, e que qualquer movimento seria em vão.
Não havia gritos. Nenhum uivo. Nenhum sinal da batalha. O silêncio era pior que o caos. Porque me deixava apenas com um pensamento sufocante: Cassian.
Ele estava vivo? Ou Beron já o havia destruído?
Engoli em seco. Meu corpo tremia sem que eu conseguisse conter. Quando baixei os olhos, percebi o que vestia: um vestido branco, justo, de tecido fino e decotado.
Foi quando a porta rangeu. O lupino se endireitou. E então… Beron entrou.
Meu corpo inteiro enrijeceu. Meus olhos se arregalaram.
— Pode ficar lá fora. — ordenou com um gesto.
O lupino assentiu e saiu, fechando a porta atrás de si. Agora estávamos a sós.