Nos dias que se seguiram após aquele terrível acontecimento, Cassian passava a maior parte do tempo no acampamento. Lutava sem descanso, cuidando dos feridos, vigiando a fronteira, como se quisesse esfolar da pele os próprios pensamentos.
Eu também estava sempre lá, mergulhada no sangue e nos gritos dos feridos, tentando arrancar a morte de seus corpos. Mas a cada ataque de Beron, a sombra parecia se aproximar mais.
— Quantos aliados já temos? — Castor questionou naquela noite, dentro da tenda.
— Alguns do meu lado, outros do lado de Elara. — respondeu Cassian, firme.
— Seria bom tentar um ataque.
— Não ainda.
— O que estamos esperando, Cassian?
— A hora certa. — retrucou, tenso.
— E quando vai ser isso?
Ele não respondeu. Apenas cerrou o maxilar, deixando o silêncio pesar.
E foi então que ele começou a me evitar. Como se eu fosse a raiz de todo o abismo que se abria dentro dele. Eu tentava lhe dar espaço, mas o espaço entre nós se transformava em sufoco. Cada vez mais, eu sentia que