Acordei tarde da manhã. A claridade atravessava as cortinas claras, invadindo o quarto sem pedir permissão. O calor da luz me queimava a pele, forçando meu corpo a despertar. Respirei fundo. O peso daquela noite ainda latejava em mim - uma dor baixa, abaixo da cintura, que fez minha memória trazer de volta o que eu preferia esquecer.
Levantei devagar, puxando os lençóis para o lado. A mancha estava lá. O sinal que deixaria a todos satisfeitos, menos a mim. Meus ombros se enrijeceram, minha respiração acelerou. Passei a mão no rosto, tentando me recompor, quando a porta se abriu de repente.
Minha mãe entrou sem bater. Meu corpo reagiu sozinho, encolhendo-se no canto mais escuro do quarto, como se ainda pudesse me esconder dela. Bastou um olhar para que ela visse a prova no lençol.
— Deuses... — murmurou, a voz trêmula. - Ele... ele te forçou?
— Não. - engoli em seco. — Fazia... fazia parte da tradição deles.
Ela fechou os olhos, suspirando fundo.
— Ah, isso. É verdade,