No coração da Inglaterra vitoriana, onde a reputação é mais preciosa que o ouro, duas famílias aristocráticas unem forças em um acordo de casamento que promete salvar suas fortunas, mas à custa dos sonhos de seus jovens herdeiros. Lady Eleanor Whitmore, uma jovem de espírito livre, vê sua vida cuidadosamente planejada por seu severo pai, que deseja casá-la com o misterioso e reservado Duque Alexander Beaumont, um homem marcado por um passado sombrio e um luto que nunca superou. Para Eleanor, aceitar essa união significa sufocar seus sonhos de liberdade e independência, mas recusar significaria desonrar sua família e mergulhá-la em ruína financeira. Do outro lado, Alexander Beaumont carrega cicatrizes invisíveis de um amor perdido e um casamento que ele jamais desejou. Entretanto, a inteligência afiada e a determinação de Eleanor começam a penetrar suas defesas, trazendo à tona sentimentos que ele jurou enterrar para sempre. Enquanto as expectativas da sociedade os cercam como uma jaula dourada, segredos sombrios das duas famílias ameaçam vir à tona, colocando em risco não apenas o casamento arranjado, mas também suas próprias vidas. Em meio a bailes luxuosos, intrigas nos salões aristocráticos e campos de flores aparentemente inofensivos, Eleanor e Alexander precisam decidir se obedecerão ao destino imposto ou se terão coragem para desafiar as regras e buscar um amor verdadeiro. Um romance onde cada escolha pode ser a última e cada promessa traz um preço.
Ler maisO crepúsculo tingia o céu de tons dourados e avermelhados, refletindo-se no vasto lago que adornava os terrenos da propriedade Whitmore. Lady Eleanor observava a paisagem pela janela de seu quarto, com os dedos pálidos pousados no peitoril, como se o simples toque na madeira pudesse lhe trazer a força que faltava.
A mansão, embora grandiosa, parecia pesada naquela tarde. O som abafado de passos ecoava nos corredores e se misturava ao tilintar das porcelanas do chá servido no salão principal. Havia algo de opressivo no ar, um presságio que apertava o coração de Eleanor.
— Eleanor, querida. — A voz de Lady Margaret, sua mãe, soou baixa e hesitante atrás dela. — Seu pai deseja vê-la no escritório.
Eleanor se virou lentamente, o olhar castanho carregado de incertezas. Sua mãe, sempre tão composta, parecia ainda mais rígida do que o habitual. O sorriso forçado nos lábios dela era apenas uma tentativa frágil de esconder a tensão que emanava de seu corpo.
— Algum motivo para tanta urgência? — Eleanor perguntou, tentando soar indiferente, mas sua voz traiu a leve tremedeira.
— É melhor que ele mesmo lhe explique, minha filha. — Margaret evitou seu olhar e saiu do quarto, deixando Eleanor com uma sensação crescente de desconforto.
Minutos depois, ela estava diante da porta imponente do escritório de Lorde Whitmore. Inspirou profundamente antes de girar a maçaneta. Lá dentro, o ar era ainda mais pesado, com o aroma de tabaco e couro dominando o espaço.
Seu pai estava sentado atrás da mesa de carvalho, o rosto marcado por linhas de preocupação. Ao lado dele, um homem alto e esguio de cabelos grisalhos segurava uma bengala ornamentada. Ele a encarou com um misto de curiosidade e avaliação, e Eleanor sentiu a pele arrepiar.
— Eleanor, este é o senhor Albert Beaumont, tutor legal do Duque de Blackwood. — A voz de seu pai era firme, mas havia algo de constrangido nela. — Ele veio discutir um acordo que será benéfico para ambas as nossas famílias.
— Acordo? — Eleanor franziu a testa, o coração disparando.
— Um casamento, minha filha. Entre você e o Duque Alexander Beaumont.
Por um instante, o mundo pareceu congelar. Eleanor fixou o olhar em seu pai, tentando decifrar se aquilo era algum tipo de brincadeira cruel. Mas a expressão séria dele dissipou qualquer dúvida.
— Pai, isso não pode estar acontecendo... — ela sussurrou, a voz falhando.
— Está decidido, Eleanor. — Lorde Whitmore cruzou os braços, a postura rígida como uma muralha intransponível. — A situação financeira de nossa família é... delicada. O casamento com o Duque não é apenas necessário; é essencial.
Eleanor apertou as mãos contra as laterais de seu vestido, os dedos cravando-se no tecido. A sensação de impotência começou a sufocá-la, enquanto uma nova figura surgia em sua mente: um homem que ela nunca vira, mas com quem agora estava destinada a compartilhar sua vida.
Do outro lado do país, em uma propriedade solitária e grandiosa, Alexander Beaumont contemplava a vista de seus jardins floridos com um cálice de vinho nas mãos. A carta que acabara de ler descansava em sua mesa, cada palavra queimando em sua mente.
“Um acordo de aliança. Um casamento para selar nossas famílias.”
Ele soltou uma risada amarga, levando o vinho aos lábios. Havia tempos em que o nome Beaumont era sinônimo de poder, mas agora, ele era apenas mais uma peça num jogo que nunca escolhera jogar.
O casamento com uma jovem aristocrata não fazia parte de seus planos. Na verdade, ele havia jurado que nunca mais se envolveria emocionalmente com ninguém. Mas o nome Beaumont carregava responsabilidades que não podiam ser ignoradas.
Naquele momento, tanto Eleanor quanto Alexander sentiam-se prisioneiros de um destino que não haviam escolhido. Entretanto, nenhum deles imaginava que, entre as grades douradas de seus mundos, uma chama inesperada começaria a arder.
A manhã despontava preguiçosa no horizonte, e as primeiras luzes do sol invadiam os corredores do castelo de Blackwood com suavidade. Eleanor acordou com a mente inquieta, ainda sentindo o calor das palavras e do toque de Alexander na noite anterior. Ele estava se abrindo para ela de forma que nunca imaginara possível, e cada momento ao lado dele parecia ser uma nova peça no quebra-cabeça de sua relação.Após se vestir, decidiu ir ao salão de música. Era um lugar onde encontrava paz, e, embora as notas do piano ainda ecoassem em sua memória, hoje buscava o silêncio. No entanto, ao entrar na sala, deparou-se com Alexander. Ele estava parado junto à janela, o olhar perdido na paisagem lá fora.— Alexander? — chamou, a surpresa evidente em sua voz.Ele se virou lentamente, um sorriso suave surgindo em seus lábios.— Bom dia, Eleanor. Não esperava vê-la tão cedo.— Tampouco esperava encontrá-lo aqui — respondeu ela, aproximando-se. — Parece pensativo.Alexander soltou um suspiro e passou
As manhãs em Blackwood sempre traziam consigo uma calma que contrastava com os dias turbulentos que tanto haviam marcado o passado de Alexander e Eleanor. Contudo, naquela manhã em particular, o céu parecia um reflexo das emoções que Eleanor carregava em seu peito: um misto de clareza e incerteza.Ela havia acordado mais cedo que o habitual, sua mente agitada com lembranças das palavras de Alexander na noite anterior. Suas confissões, tão carregadas de dor e esperança, ecoavam em sua cabeça como uma melodia persistente. Eleanor percebeu que, aos poucos, estava começando a entender as camadas que faziam de Alexander quem ele era. Cada nova revelação, cada troca de olhar ou toque compartilhado, aproximava-os ainda mais.Após o café da manhã, Eleanor decidiu caminhar pelo jardim, buscando ordenar seus pensamentos. Os aromas das flores recém-desabrochadas preenchiam o ar, e o som da água corrente da fonte central proporcionava um conforto quase terapêutico. Ela não esperava encontrar Alex
A manhã estava nublada em Blackwood, mas uma brisa leve trazia o frescor que prenunciava o início da primavera. O castelo estava mergulhado em um silêncio reconfortante, quebrado apenas pelos passos ritmados de criados realizando suas tarefas matinais. Eleanor observava a cena do alto da varanda de seus aposentos, a mente inquieta. Desde que as turbulências recentes haviam cessado, seus pensamentos constantemente se voltavam para Alexander e o espaço incerto entre eles.Nos últimos dias, algo na maneira como ele a olhava havia mudado. Era como se ele quisesse dizer algo, mas sempre hesitasse, deixando palavras não ditas pairando no ar entre eles.Determinado a dissipar a tensão invisível que sentia, Eleanor decidiu procurá-lo. Encontrou-o no salão de reuniões, debruçado sobre mapas e relatórios, um traço de cansaço evidente na linha de seu maxilar.— Alexander — chamou suavemente, batendo na porta aberta.Ele ergueu os olhos, uma sombra de preocupação suavizando-se ao vê-la.— Eleanor
Os primeiros raios do amanhecer surgiam timidamente no horizonte quando Eleanor desceu até o salão de música. Apesar das horas tardias da noite anterior, em que ela e Alexander discutiram detalhes das terras recém-recuperadas, Eleanor sentia a necessidade de um momento de tranquilidade. O piano era seu refúgio, um espaço onde os conflitos e tensões do mundo exterior se dissipavam em cada nota.Sentada diante do instrumento, suas mãos deslizaram suavemente pelas teclas, criando uma melodia que parecia contar uma história — uma história de amor, perda e, acima de tudo, esperança. Ela fechou os olhos, deixando a música guiá-la.Alexander entrou no salão silenciosamente, atraído pela melodia familiar. Ele parou na entrada, cruzando os braços enquanto a observava. Não era a primeira vez que via Eleanor ao piano, mas, a cada vez, parecia redescobri-la. Havia algo na expressão dela, tão entregue à música, que o cativava completamente.Quando Eleanor percebeu sua presença, terminou a melodia
O crepúsculo cobria o céu de tons alaranjados quando Eleanor desceu ao jardim. Desde a vitória contra Edmund, os dias haviam sido mais calmos, mas não menos intensos. Alexander passava horas reorganizando os aspectos administrativos das terras que voltaram ao seu controle e garantindo que seus homens estivessem bem recompensados pelo sacrifício na batalha. Apesar disso, Eleanor notava que ele buscava estar presente ao seu lado sempre que possível, como se quisesse compensar os momentos que a guerra lhes roubara.Ao cruzar o corredor que levava ao jardim, Eleanor avistou Alexander sentado em um dos bancos de pedra. Ele estava absorto, o olhar fixo na rosa que segurava entre os dedos. Era raro vê-lo tão despreocupado, e Eleanor não pôde evitar sorrir ao se aproximar.— Perdido em pensamentos, milorde? — ela brincou suavemente, anunciando sua presença.Alexander ergueu os olhos e sorriu ao vê-la.— Apenas admirando a beleza ao meu redor — respondeu ele, com uma leveza que a fez corar.El
A chegada da primavera trouxe mais do que flores e a promessa de dias mais longos; trouxe também uma mudança palpável na atmosfera da propriedade Beaumont. Depois dos meses difíceis de batalha, reconstrução e incertezas, a vida começava a voltar ao normal. Mas para Eleanor, a primavera trouxe algo muito mais significativo: a sensação de que seu casamento com Alexander estava começando a florescer.Nos dias seguintes à conversa na sala de música, a interação entre eles se tornara mais leve, mas também mais carregada de significados. Pequenos gestos, como um sorriso trocado à mesa ou a forma como Alexander parecia sempre notar quando ela estava prestes a ficar sobrecarregada, começaram a moldar a dinâmica entre os dois.Certa tarde, Eleanor estava no salão de costura, cercada por tecidos e padrões que havia recebido para revisar. Era uma atividade que normalmente a acalmava, mas naquele dia, sua mente estava longe. Seus pensamentos constantemente retornavam a Alexander e às palavras que
Último capítulo