O cursor piscava na tela, solitário. Gabriela fitava o parágrafo recém-escrito e sentia o coração disparar. Quanto mais escrevia, mais percebia que não estava apenas produzindo um livro: estava desenterrando partes de si mesma que havia enterrado por sobrevivência.
"Eu tinha oito anos quando ouvi pela primeira vez a palavra 'abandono'."
As mãos tremiam. Ela fechou os olhos, lembrando-se da pequena menina escondida atrás da porta do quarto, ouvindo a discussão dos pais. O tom áspero, a dor de uma promessa quebrada. Tudo parecia tão vívido que quase sentiu o cheiro do café frio sobre a mesa e o ranger da madeira sob seus pés pequenos.
Um nó apertou sua garganta. Era como se o diário da mãe tivesse arrancado a tampa de uma caixa de memórias que ela nunca quis abrir.
No dia seguinte, durante as filmagens, Gabriela estava distra&i