O dia seguinte amanheceu nublado, mas Gabriela não se importava. Depois dos últimos dias, o clima cinza parecia até acolhedor. Silencioso. Menos cruel.Enquanto Manu brincava com os lápis de cor no tapete da sala, Gabriela lavava a louça pensando em tudo que ainda precisava resolver: a nova rotina, o distanciamento da mãe, as perguntas que Manu começava a fazer sobre “o moço do parque”.Ela precisava de ar.Pegou uma jaqueta leve, avisou a filha que voltava logo e desceu as escadas do prédio com passos lentos.O mercadinho da esquina parecia um bom lugar para pensar sem pensar. Caminhou até lá. Pegou pão, suco, algumas frutas. Estava no caixa quando a voz a surpreendeu.— Gabriela, certo?Ela se virou.Era o Miguel.Camisa azul clara, mochila de lona no ombro, sorriso gentil.— Sim… você é o vizinho. — Ela sorriu de leve, mais educada do que aberta.— E entregador de sacolas, agora oficialmente — ele brincou. — Sua mãe disse que você gosta de maçã verde. Acertei?Ela riu. Um pouco.— A
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