As teclas do laptop soavam como batidas de coração acelerado. Gabriela escrevia sem parar, como se o diário da mãe tivesse destrancado uma represa de emoções. Palavras fluíam, costurando lembranças de infância com as revelações recém-descobertas.
"Minha mãe sempre dizia que segredos guardados demais se tornam correntes invisíveis. Hoje, sinto essas correntes se partindo."
Ela parou por um instante, respirando fundo. Cada frase parecia sangrar, mas também curar. Era diferente de tudo o que já havia escrito. Ali não havia ficção, não havia personagens inventados — havia vida real, dor e esperança.
Miguel entrou no quarto devagar, trazendo uma xícara de chá. Ele observou a tela, curioso.
— Está escrevendo algo novo?
Gabriela assentiu, sem desviar os olhos do texto.
— É como se eu não tivesse escolha. Preciso colocar isso no papel antes que se perca.
Ele apoiou a xícara na mesa de cabeceira e se sentou ao lado dela.
— Então faça isso, amor. Mas faça por você, não por pressão.
Ela sorriu c