A manhã mal havia começado quando bateram à porta.
Gabriela, ainda de pijama, abriu com os olhos sonolentos, esperando ver Miguel ou talvez a vizinha trazendo pão fresco.
Mas não. Era um homem sério, com uma pasta em mãos e um crachá pendurado no pescoço.
— Gabriela Ribeiro?
— Sim...
— Bom dia. Eu sou do Conselho Tutelar. Recebemos uma denúncia e preciso conversar com você sobre a menor Manoela Nascimento.
O mundo parou por dois segundos.
Gabriela sentiu o estômago revirar.
— Que tipo de denúncia?
— Alegam que a criança pode estar exposta a um ambiente emocional instável. E que há risco de alienação parental. Precisamos avaliar a situação.
Gabriela ficou sem ar por um instante.
Ali, parada, com a porta ainda entreaberta, parecia que a vida estava desabando tijolo por tijolo.
Ela o deixou entrar. Sentou-se devagar, como quem ainda tentava absorver as palavras. O homem folheava papéis como se lesse sua alma.
— Quem fez essa denúncia?
— É anônima. Mas temos obrigação de investigar.
— Iss