A suspensão de Miguel chegou como uma punhalada fria.
Na segunda-feira pela manhã, ele recebeu o aviso formal da direção: afastamento temporário até que a escola pudesse apurar os “fatos em circulação”.
— Eles não querem resolver nada. Só querem se livrar do problema — disse ele, jogando o envelope sobre a mesa da cozinha.
Gabriela o olhou, sem saber o que dizer. Seu coração estava dividido entre raiva, tristeza e culpa.
Sentia que tudo ao seu redor desmoronava, mesmo quando ela fazia o possível para manter-se de pé.
— Vamos recorrer. Vamos enfrentar isso juntos — prometeu ela, mesmo que sua voz tremesse por dentro.
Miguel apenas assentiu. O brilho nos olhos dele estava opaco, como se a chama que os guiava estivesse sendo abafada pelo peso das acusações.
Naquela tarde, Gabriela foi buscar Manu mais cedo na escola. A menina estava quieta, os olhos fundos e distantes.
— Oi, meu amor. Como foi a aula?
— Legal...
Mas não era verdade.
No caminho para casa, ela finalmente falou:
— Mãe... po