Miguel não dormiu naquela noite.
Desde a última troca de mensagens com Gabriela, algo dentro dele se fechou.
Ele conhecia aquela distância.
Já a tinha visto antes… antes da esposa adoecer.
Era o silêncio de quem está confuso, mas não fala.
De quem está ferido, mas ainda não sabe onde.
Na manhã seguinte, ele ligou para a diretora da escola.
— Se houver qualquer comentário... qualquer dúvida sobre mim, quero que saiba que estou disposto a conversar — disse, direto.
— Miguel, está tudo bem. Sabemos quem você é. Não há nada aqui…
Mas a frase da diretora foi cortada por um som ao fundo.
Miguel ouviu vozes. Murmúrios. Alguém comentava:
“Você viu o que postaram ontem? Parece que ele esconde umas coisas…”
Ele fechou os olhos, respirando fundo.
O veneno estava se espalhando.
Enquanto isso, Gabriela tomava café com Manu, tentando manter o dia leve.
Mas sua cabeça estava em outro lugar.
A flor branca.
Daniel na esquina.
A mensagem anônima.
Tudo isso fervia dentro dela.
Até que o celular