Heloísa Moura
Seis meses antes…
A viagem até minha casa foi mais longa do que imaginava, o jatinho não parecia ser apenas para minha pequena família e sim, aparentava que estávamos em um voo comercial com todos os assentos completos.
O silêncio no jatinho era sufocante. Meu pai cruzava os braços, o maxilar travado, enquanto minha mãe suspirava pesadamente ao meu lado. Desde que a confirmação da minha gravidez saiu da boca dela, ele parecia uma bomba prestes a explodir.
— Quem é ele, Heloísa? — Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina.
Fingi não ouvir, mantendo o olhar perdido na janela, observando as nuvens abaixo de nós.
— Heloísa! — ele repetiu, mais alto.
— Pai, eu já disse, isso não importa agora.
— Como assim não importa? — Sua incredulidade era quase palpável. — Um neto meu está para nascer e você quer que eu simplesmente aceite que não sei nada sobre o pai?
Minha mãe tocou o braço dele em um pedido mudo para que se acalmasse, mas ele a ignorou.
— Ele sabe? Esse… esse sujeito