Isabela
Na manhã seguinte, o céu ainda estava cinzento, como se guardasse os segredos da noite anterior. Caminhei pelos corredores da casa grande com o coração apertado. Cada passo ecoava como um lembrete do lugar ao qual eu pertencia, e do qual nunca fui realmente parte.
Na cozinha, minha mãe me lançou um olhar preocupado. Ela sempre soube mais do que dizia. Tinha olhos treinados para perceber o que ninguém mais via.
— Isabella… — começou, baixinho, enquanto cortava frutas para o café da manhã dos patrões — você precisa tomar cuidado. As paredes aqui têm ouvidos. E os olhos, quando querem encontrar, sempre encontram.
Fingi não entender. Mas eu entendia. Entendia cada palavra, cada entrelinha. Só não sabia como parar o que sentia.
Naquele mesmo dia, o senhor Luiz, pai de Matheu, voltou da cidade mais cedo que o esperado. E com ele, uma rigidez no ar. Seu rosto carregava tensão e sua voz, ao chamar o filho para uma conversa no escritório, era mais fria do que de costume.
Eu estava pass