Capitulo 109

Lorenzo Bianchi

Ela estava ali.

Aurora.

E por um instante, o tempo fez silêncio dentro de mim.

O salão da galeria estava cheio — artistas, enólogos, curadores, flashes discretos — mas eu só conseguia enxergar ela.

A menina do parreiral. A garota com cheiro de tinta.

A mulher que ela se tornou.

Inteira. Forte. Serena.

Quando nossos olhos se encontraram, senti um aperto no peito.

Não era culpa. Era perda.

E talvez um pouco de vergonha também.

Ela parecia tão dona de si. Diferente e, ao mesmo tempo, exatamente como eu lembrava.

E foi aí que vi.

A tela atrás dela.

Promessa Incompleta.

O título sozinho já me desmontou.

Mas a pintura... aquela pintura...

Era nós dois.

Era o parreiral.

Era o céu dourado da nossa última tarde.

Era eu, indo embora, e ela... ficando.

Um traço quase imperceptível unia duas silhuetas distantes, como se ainda restasse algo, uma linha fina entre o que foi e o que não terminou de ser.

Tive vontade de falar.

De explicar.

De pedir desculpas por cada men
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