Matheu e Isabella
Voltamos no fim da tarde, quando o sol começava a se esconder atrás das colinas, tingindo tudo com aquele dourado que só a Toscana sabe oferecer. O carro subiu a estradinha de terra que eu conhecia desde criança, mas que agora parecia outra — ou talvez fosse eu quem tivesse mudado.
Isabella dormia encostada em meu ombro, o rosto sereno, uma das mãos descansando sobre a barriga que começava a se desenhar sob o vestido leve. Era estranho pensar que dentro dela havia uma vida. Nosso amor, feito gente. Um filho que ainda não conhecemos, mas que já parecia nos conhecer.
— Chegamos — murmurei, com um beijo leve em sua testa.
Ela abriu os olhos devagar, piscando contra a luz suave do entardecer. Sorriu. Aquele sorriso que sempre me desmontava.
— Pronta? — perguntei.
— Sempre estive. É você quem está com cara de quem vai desmaiar.
Ri, nervoso. Não era mentira.
Descemos do carro de mãos dadas. O ar cheirava a lavanda, uva madura e madeira antiga. E a lembrança da minha infânc