Matheu e Isabella
Anos depois...
A vinha continuava a florescer a cada primavera, como se o tempo não tivesse pressa por aqui. As parreiras seguiam seu ciclo silencioso de brotar, crescer, frutificar e adormecer. E, entre cada estação, a vida se entranhava nas raízes da terra e nos laços que construímos por aqui.
Aurora cresceu como seu nome prometia: cheia de luz, força mansa e uma curiosidade que fazia perguntas demais para o mundo — e para mim. Tinha os olhos da mãe, mas o jeito impaciente era todo meu. Nunca gostou de bonecas, mas passava horas desenhando nas bordas dos cadernos, sonhando com jardins, pontes, casas nas árvores. Dizia que queria construir coisas que fizessem as pessoas sorrirem.
Já Lorenzo... bem, Lorenzo era um pouco de todos nós. Tinha o senso de justiça da Heloísa, o olhar calmo do Vittorio e a risada fácil que fazia qualquer um se desarmar. Um garoto feito de terra firme e céu aberto. Aurora o adorava desde sempre, mesmo que demorasse a admitir isso até para si